O projeto MUS apresentou mais um artigo derivado da pesquisa, dessa vez no “PNUM 2018 – Portuguese-Language Network of Urban Morphology” – organizado pela Rede Lusófona de Morfologia Urbana. O Congresso aconteceu nos dias 18 e 19 de Julho, na cidade do Porto, Portugal.
Sob a temática “A Produção do Território: Formas, Processos, Desígnios”, tiveram espaço abordagens teóricas, de leitura territorial, avaliação espacial e práticas como placemaking, autoconstrução e as redes de atores na produção de cidades brasileiras e portuguesas.
Ponderando sobre “um local para cada coisa, cada coisa no seu local”, esta edição do PNUM propôs um olhar para a tipologia das periferias e comunidades. Uma crítica à centralização e à hierarquização e um alerta à necessidade de entender e estudar a lógica das favelas, seu tempo de transformação e desenvolvimento.
Foi também retratada a cidade dos condomínios e grandes empreendimentos privados com comportamento semi-público. Estas formas e padrões de expansão, comuns a contextos latino americanos e que alteram a dinâmica funcional e socioeconômica do tecido, foram chamadas “mutações urbanas”.
Discutiu-se a formação do arquiteto e a realidade de atuação diante do crescimento da cidade autoproduzida, em paralelo à difusão do modelo urbano denso e compacto, associado à cidade caminhável, ciclável, sustentável e saudável. Ou seja, um convite a pensar a Caminhabilidade para além dos manuais de desenho urbano.
A mobilidade ativa na cidade informal
O Projeto MUS pôde contribuir com esse debate apresentando o trabalho intitulado “Forma urbana e mobilidade: os desafios da mobilidade ativa na cidade informal”. Ele aborda a caminhabilidade na cidade auto produzida em paralelo à cidade formal, através da comparação de duas áreas investigadas em Porto Alegre, o bairro Menino Deus e a “Vila Tronco”.
O estudo revela algumas semelhanças e destaca as diferenças morfológicas entre o tecido informal e o formal ‘tradicional’, especialmente a escala dos elementos, bem como do comportamento de mobilidade ativa de seus residentes.
A análise na escala do quarteirão aponta a homogeneidade da favela e a heterogeneidade do bairro, especialmente quanto à compacidade e continuidade da massa edificada.
A observação do comportamento de mobilidade dos entrevistados confirma o peso da condição socioeconômica sobre o índice de mobilidade individual dos moradores, com número de viagens sensivelmente menor na Tronco em relação ao Menino Deus. A amostra pequena não permite profundidade nem generalização das conclusões, mas, de qualquer maneira, ela permite concluir que a grande maioria dos indivíduos residentes no tecido formal tradicional que utilizam o carro também viajam a pé, o que pode ser creditado à maior caminhabilidade do bairro, especialmente a grande presença de destinos e atrativos urbanos.
Após a publicação nos anais do Congresso, o trabalho completo será disponibilizado nas redes sociais do Projeto MUS.
*Texto por Sabrina Machry, pesquisadora no Projeto MUS.